LUGAR DE AUTISTA É EM TODO LUGAR!

2 de Abril - Dia Mundial de Conscientização do Autismo

“Estar em lugar barulhento e desconhecido pode ser difícil. Não consigo pensar ou escutar. Simplesmente congelo.” Atypical.

Resumidamente Autismo é um termo geral utilizado para descrever um grupo de transtornos do desenvolvimento do cérebro, hoje conhecidos como Transtornos do Espectro do Autismo (TEA). Pessoas com esse diagnóstico frequentemente têm prejuízos, que podem variar em menor ou maior grau, em áreas específicas como: comunicação social, dificuldade na interação e comportamentos repetitivos e restritos.

Fonte: Netflix

A frase acima retrata exatamente uma das inúmeras características do Sam Gardner - personagem principal da série Atypical na Netflix - possui. Também representa de forma bem didática as experiências sensoriais que pessoas com autismo apresentam. Sons, luzes, toques, cheiros podem gerar sensações extremamente desagradáveis, desencadeando comportamentos de crise como: respostas insensíveis, gritos, auto ou heteroagressão, movimentos bruscos, corridas em disparada, entre outros.

Atypical é um seriado que retrata a vida de jovem do ensino médio, diagnosticado com autismo. O garoto vive com sua mãe, pai e irmã. O garoto estuda e trabalha em uma loja de eletrônicos (algo comum entre jovens da sua idade), o mesmo tem um grande amigo indiano que é seu conselheiro amoroso durante a trama.

A série rompe muitos estereótipos que a sociedade criou sobre essa condição e fornece explicações didáticas sobre o TEA. A cada episódio surgem novas discussões, novos aprendizados, um novo recomeço e uma aproximação do diferente, ou seja, daquilo que por não conhecermos, foge do padrão comum da sociedade e que chamamos de “estranho”. Especialmente essa palavra com tom preconceituoso a respeito do atípico, nitidamente fere pais, irmãos, amigos e profissionais que estão buscando seu lugar na sociedade.

Esse estranhamento ocorre pela desinformação sobre características presentes nas pessoas autistas, sendo algumas delas: falta de simpatia, falta de senso crítico, dificuldade em interpretar expressões e falta de contato visual, logo isso faz com que os típicos façam falsas afirmações de que pessoas com TEA não possuem empatia ou de que são incapazes de se sensibilizar pelos outros. Duras afirmações principalmente para o círculo familiar do atípico.

O contexto da série contribui para que possamos nos conscientizar de que pessoas com autismo podem (devem) viver em sociedade e que a falta de convívio também os deixa infelizes. Contudo a Psicologia pode proporcionar um diálogo que ultrapasse a lógica da “patologização” das pessoas e contribua para a transformação institucional e social cumprindo seu papel ético de respeito aos direitos humanos.

Finalizo esse texto com outra linda frase do nosso querido Sam:

“As pessoas pensam que quem tem autismo não tem empatia, mas isso não é verdade. Às vezes, eu não consigo dizer se uma pessoa está chateada. Mas, quando eu consigo, sinto muita empatia, talvez até mais do que as pessoas neurotípicas”. Sam, episódio 8, temporada 1, Atypical.

Referências AYUB, Paula. Atypical. Nova perspect. sist. [online]. 2019, vol.28, n.63 [citado 2022-04-01], pp. 126-128 . Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-78412019000100009&lng=pt&nrm=iso>

Rashid, R. (Diretor). (2018). Atypical.